A Igreja do Senhor Jesus tem experimentado uma mudança de paradigma ao redor do mundo. Essa mudança está acontecendo na visão, estrutura e funcionamento da Igreja Local: O resgate da prática da Igreja Primitiva de se reunir nos lares.
Por muitos anos, diversas igrejas têm promovido células ou grupos caseiros, porém apenas como mais um dentre muitos ministérios. A visão da igreja neo-testamentária, entretanto, era bem diferente. Na Igreja Primitiva, os cristãos se reuniam nos lares, não como uma opção, mas porque o coração da Igreja Local, como centro de suas atividades, estava nos seus lares.
Essa mudança de paradigma tem sido chamada, por alguns, de Segunda Reforma. A Primeira Reforma foi liderada por Martinho Lutero, ao levar a Igreja de volta às suas origens doutrinárias baseadas somente na Palavra de Deus. Essa Segunda Reforma está devolvendo a Igreja às suas estruturas originais, no sentido de restaurar a “Igreja no Lar” e colocar o ministério nas mãos do povo. Quando uma Igreja Local realmente passa por essa Segunda Reforma, os grupos nos lares (Células) se tornam o coração daquela igreja.
A IGREJA NA VISÃO DO MDA
Todas as maiores igrejas locais do mundo já estão nesse novo modelo, promovido pela Segunda Reforma; todas são Igrejas em Células. Existem, porém, diversos modelos de Igrejas em Células.
O Modelo de Discipulado Apostólico (MDA) prioriza o discipulado um a um, mas também procura aproveitar as vantagens dos outros modelos.
Na visão do MDA, é possível à Igreja Local ganhar multidões para Jesus sem deixar de cuidar bem de cada cristão – é o modelo de discipulado um a um em ação.
Jesus, sendo o primeiro Apóstolo, demonstrou que o discipulado era um conjunto de fatores que abrangia convivência, o modelar do ministério, o investir nas pessoas uma a uma, o investimento em grupos de discipulado, orar juntos, congregar juntos, etc. Vemos, depois, os apóstolos e líderes da Igreja Primitiva seguindo esse modelo. Não há registro de que qualquer um deles teve doze discípulos. O número era obviamente flexível. A Bíblia deixa bem claro, porém, que o “Modelo Apostólico de Discipulado” que Jesus havia iniciado continuou. Barnabé foi atrás de Saulo (Paulo) e obviamente investiu muito na vida dele. Paulo investiu muito em Silas, Timóteo, Lucas, etc. A história diz que Pedro investiu muito em João Marcos, e assim por diante. Esse é o “Modelo de Discipulado Apostólico” (Mateus 28.18-20; II Timóteo 2.2).
O MDA abrange diversos fatores desenvolvidos na Igreja Local. Sem dúvida, o fator central do Modelo de Discipulado Apostólico é o discipulado um a um que todos na igreja recebem. Porém, este modelo (MDA) fala da visão geral de como cremos que a Igreja Local deve funcionar.
Temos aprendido muito com tantos excelentes modelos de Igrejas em Células, e queremos continuar aprendendo mais e mais com todo o Corpo de Cristo. Na Sua rica graça e misericórdia, Deus tem dado uma visão clara e nítida; uma visão que tem funcionado e produzido frutos permanentes; uma visão que tem a plena bênção e confirmação de nossa liderança: A Visão do MDA.
1 – O REINO DE DEUS
Jesus disse: “Buscai, pois, em primeiro lugar, o seu Reino…” (Mateus 6.33).
Deus está implantando o Seu Reino aqui na Terra e Ele tem deixado bem claro qual é a visão dEle para nós:
Deus havia dito para o homem: “Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra…” (Gênesis 1.28). Por quê? Porque Adão e Eva gozavam de perfeita comunhão com Deus e assim refletiam a glória de Deus perfeitamente. À medida que eles obedecessem a ordem de crescer e multiplicar, toda a terra ficaria cheia da glória de Deus, como as águas cobrem o mar.
O plano original de Deus nunca mudou. Mesmo que o homem natural, por causa do pecado, não reflita a glória de Deus, aquelas pessoas que já nasceram de novo verdadeiramente refletem a Sua glória. Então a ordem de Deus continua a mesma: “Eu quero o Meu Reino implantado sobre toda a terra e isto vai acontecer quando os meus filhos colocarem o Meu Reino em primeiro lugar, crescerem e se multiplicarem até que toda a terra esteja cheia de pessoas que reflitam a minha Glória”.
2 – A IGREJA DO SENHOR JESUS
Mas qual é o contexto em que nós devemos buscar o Reino de Deus? Na prática, como podemos fazer isso?
Jesus disse: “Eu edificarei a Minha Igreja…” (Mateus 16.18) e em outra ocasião Ele disse “quem comigo não ajunta, espalha…” (Mateus 12.30). Em outras palavras, o Reino de Deus aqui na Terra se manifesta e é centralizado na Igreja do Senhor Jesus:
A Igreja do Senhor Jesus é o coração do Reino de Deus.
3 – A IGREJA LOCAL
Posso saber, então, que verdadeiramente estou buscando o Reino de Deus se eu estiver trabalhando com Jesus na Edificação da Sua Igreja Mundial. Mas, como a Igreja Mundial do Senhor Jesus é edificada? Através da Igreja Local.
Se eu não estiver edificando a Igreja Local eu não estou edificando como eu deveria a Igreja Mundial do Senhor Jesus. A Bíblia fala muito mais acerca da Igreja Local do que da Igreja Mundial. Estamos trabalhando com Deus ou contra Deus? Talvez muitos não saibam disto, mas quem não está na visão da Igreja Local – ajudando a Igreja Local a crescer e multiplicar em quantidade e qualidade, está na realidade (mesmo que seja por omissão) trabalhando contra Deus. Isto é sério. Deus coloca máxima importância na Igreja Local porque a Igreja Local é o coração da Igreja do Senhor Jesus aqui na Terra.
O Apóstolo João, em Apocalipse 1.10-11, ouviu a voz do Senhor Jesus por trás dele. Mas quando virou para ver o Senhor Jesus, primeiramente ele viu sete candeeiros de ouro (Ap. 1.12), e só depois viu o Senhor Jesus (Ap. 1.13). Os sete candeeiros são as sete igrejas locais (Ap. 1.20). Creio que, simbolicamente, isto mostra que para termos plena revelação do Senhor Jesus, temos também que ter a visão da Igreja Local. Onde estava Jesus? “No meio dos sete candeeiros” (Ap. 1.13). No meio das Igrejas Locais. É impressionante a importância que Deus põe na Igreja Local.
4 – A CÉLULA
É muito importante que todos os cristãos da Igreja Local estejam congregando na célula, onde a vida do Corpo se encontra de forma sintetizada em todos os seus muitos aspectos, tais como: adoração, intercessão, evangelismo, integração, discipulado, treinamento de líderes, comunhão, assistência social, etc.
É necessário que essa célula esteja sempre aberta para receber novas pessoas. Como a célula do corpo humano, deve estar sempre crescendo, multiplicando e formando novas células. Esse tipo de célula resgata a “Igreja no Lar”, e por isso cremos ser importante que todos congreguem em uma célula deste tipo, pois acreditamos que foi assim que aconteceu na igreja neotestamentária. Para nós, a Célula é o Coração da Igreja Local.
Todas as nossas Células, heterogêneas e homogêneas, têm essas características, e todos os membros estão em um desses dois tipos de Células. A totalidade de nossas Células cresce, e elas se multiplicam em três áreas:
1) Verticalmente: os membros crescem em intimidade com Deus e multiplicam isso nas vidas dos seus discípulos.
2) Horizontalmente: os membros crescem em comunhão uns com os outros e multiplicam isso nas vidas dos seus discípulos.
3) Exteriormente: Os membros crescem numericamente ganhando novas pessoas para Jesus, discipulando essas pessoas e multiplicam esse código genético de evangelismo e discipulado nas vidas dos seus discípulos. A Célula cresce em número de membros e se multiplica, gerando assim novas Células.
É este tipo de Célula que é o verdadeiro coração da Igreja Local. Na igreja baseada em Células tudo acontece pela Célula, para a Célula, através da Célula e em função da Célula.
No gráfico acima podemos perceber que o coração do Reino de Deus é a Igreja Mundial do Senhor Jesus; o coração da Igreja Mundial é a Igreja Local; e o coração da Igreja Local é a Célula. Você pode perceber, então, que todo esforço cristão para implantar o Reino de Deus na terra deve resultar em priorizar, direta ou indiretamente a edificação de Células no contexto da Igreja Local. Agora, qual é o coração da Célula?
5 – O DISCIPULADO UM A UM
Jesus priorizou o discipulado na Sua vida aqui na Terra. Antes de escolher os seus discípulos Ele orou a noite toda (Lucas 6.12-13), e uma grande parte do seu tempo foi ocupado investindo na vida destes discípulos. Como Ele viajava horas e horas a pé, é bem provável que, enquanto estava caminhando com os discípulos naquelas estradas construídas pelo Império Romano, Ele aproveitasse bem o tempo discipulando. Quem já caminhou por muitas horas sabe que é difícil andar e falar com muitas pessoas ao mesmo tempo. Cremos que Jesus discipulava muito: 1) um a um; e 2) em grupo.
O Dr. Carl Horton, que já dormiu no Senhor, tinha o seu doutorado em “Crescimento da Igreja” pela Escola de Missões Mundiais do Seminário Teológico Fuller. Foi ele quem apresentou os resultados surpreendentes de uma pesquisa realizada com um grande número de líderes cristãos. Os quesitos avaliados na pesquisa eram concernentes à formação de líderes; como e onde foram treinados os líderes que estão tendo mais sucesso no Reino de Deus. A pesquisa demonstrou que:
- 0% dos líderes foram produzidos pelo púlpito em reuniões públicas de ensino ou pregação;
- 90% dos líderes foram gerados através do discipulado e mentoreamento pessoal, um a um.
- 0% dos líderes foram produzidos em classes estruturadas, como Escola Dominical, cursos de Família Cristã, Guerreiros de Cristo, e outras mais;
- 10% dos líderes foram gerados no discipulado em grupos pequenos;
Na nossa própria experiência, também temos visto que é muito bom discipular em grupos, mas nunca em substituição ao discipulado um a um. Sem dúvida, isto possibilita que o discipulado seja mais profundo, intenso, e específico.
É claro que, para haver esse tipo de discipulado os dois (discípulo e discipulador) devem ser do mesmo sexo. Também, alguém não pode estar discipulando outra pessoa se ele primeiramente não tiver discipulador. O discipulador tem compromisso total de não falar nada para pessoa alguma daquilo que o discípulo confidenciou, a não ser que obtenha primeiramente sua permissão.
Este discipulado deve acontecer no contexto da Célula, ou seja, o discipulador deve participar da mesma Célula do discípulo. O discipulado nunca deve ser manipulativo. O verdadeiro discipulado é para ajudar o discípulo a crescer.
Discipulado é proteção. Discipulado é crescimento. Seja transparente com o seu discipulador. Você ficará maravilhado como Deus vai usar seu discipulador para ajudá-lo a vencer o pecado, crescer espiritualmente, ser um ganhador de almas, e ser também um bom discipulador. “Confessai os vossos pecados uns aos outros e orai uns pelos outros para serdes curados” (Tiago 5.16).
Uma vez que você está sendo discipulado, é importante começar a orar e pedir a Deus que lhe mostre quem você deverá discipular. Quando você ganha alguém para Jesus, você tem que garantir que aquela pessoa seja bem discipulada. Normalmente é você quem deve discipular aquele novo convertido.
Jesus, antes ascender aos céus, nos deixou a Grande Comissão: “Ide, portanto, fazei discípulos…” (Mt. 28.19). Isto tem que ser priorizado, pois sem dúvida é um assunto de máxima importância. Na medida em que meditávamos na centralidade do discipulado, Deus nos revelou que o discipulado um a um é o coração da Célula. A esse relacionamento do discipulador com seu discípulo (total de duas pessoas) chamamos de uma microcélula. Como a ênfase central da Visão do Modelo do Discipulado Apostólico é o discipulado um a um, vimos que seria ideal usarmos a mesma sigla para identificar esta microcélula.
Então, como visão da Igreja Local temos:
MDA: Modelo de Discipulado Apostólico.
E como o nome da micro-célula de discipulado, também, temos:
MDA: Micro-célula de Discipulado Apostólico.
O discipulado, na microcélula, é feito um a um. Você poderá notar então que a microcélula tem o total de duas pessoas: Discipulador e Discípulo. Cremos que o MDA é a menor representação da Igreja: a microcélula do Corpo de Cristo, “onde estiverem dois ou três reunidos em Meu nome…” (Mateus 18.20). É interessante notar que o contexto desta passagem se refere à Igreja Local.
O importante é que todos estejam debaixo da cobertura de um discipulador, e que todos estejam fazendo discípulos, porque, como já foi enfatizado, o discipulado é o coração da Célula. Em outras palavras: o MDA é o coração da Célula.
A Visão do MDA pede que cada cristão esteja inserido onde está a figura daquela pessoa no gráfico abaixo:
Na Visão do MDA cada cristão deve estar sendo e fazendo discípulos, participar de uma Célula, abraçar a visão da Igreja Local, buscar a Unidade da Igreja Mundial e colocar em primeiro lugar o reino de Deus.
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